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Cerca de 30% das crianças Portuguesas têm peso a mais.

É hora de agir contra a Obesidade Infantil!

A obesidade infantil é um problema preocupante. É preciso compreender o fenómeno para poder agir.

Os números são alarmantes. Cerca de 30% das crianças portuguesas têm excesso de peso e esta percentagem não pára de aumentar. A Plataforma contra a Obesidade da DGS é um reflexo da vontade de agir que coincide com a necessidade europeia de empreender ações preventivas urgentes (...).

Ambientes infantis “Obesogénicos”

Portugal é um dos países da Europa onde a prevalência da obesidade infantil é mais elevada. Mais de 2 em cada 10 crianças com idades entre os 3 e os 5 anos tem excesso de peso. E nas crianças com idades entre os 7 e os 9 anos, 3 em cada 10 crianças apresentam igualmente excesso de peso.

Existem dois factores na base do crescimento da obesidade infantil. Por um lado, temos a perda dos valores tradicionais da alimentação que se reflecte na alimentação das crianças - menor consumo de sopa, frutos, hortaliças, legumes e cereais completos - e consumo de produtos de reduzido valor nutricional e elevada densidade calórica.

Por outro lado, os Portugueses são de todos os povos da União Europeia aquele que apresenta maior nível de inactividade física. Sabe-se que pais pouco activos têm maiores probabilidades de que os seus filhos tenham igualmente um baixo nível de actividade física. Num estudo realizado com 400 crianças em idade pré-escolar verificou-se que cerca de 60% das crianças não praticavam exercício físico e que, em média, despendiam 11,18 horas por semana a ver TV e 1,73 horas a jogar vídeo jogos.

Escolhas de infância

As nossas crianças passam a maior parte do dia na escola e o resto em casa. E cada criança faz escolhas a toda a hora. Pode optar por comer ou não, por ir a um bar ou almoçar no refeitório da escola, participar em brincadeiras ou ficar quieta. Ou seja, desde muito cedo a criança é inserida em grupos, fará a sua interpretação do que a rodeia e decidirá o que fazer. Assim, quanto mais cedo educarmos as crianças para que façam escolhas saudáveis, melhor. Neste sentido, a família e a escola têm papeis principais. A Plataforma contra a Obesidade entende que a abordagem à Obesidade Infantil envolve como princípio básico a prevenção. A orientação da família para estilos de vida saudáveis e a promoção e educação para a Saúde nas escolas são pilares essenciais das actividades e iniciativas do Projecto OI da Plataforma.

Orientar a Família

A educação alimentar começa muito antes da criança nascer, já que muitas das doenças crónicas são originadas durante a vida intra-uterina. Entre os 2 e os 4 anos de idade, a atenção deve ser reforçada uma vez que nestas idades dá-se uma importante mudança no corpo, em particular na distribuição e constituição do tecido adiposo (gordura do corpo) que está relacionada com o risco de a criança vir a ser um adulto obeso e a sofrer de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro.

Após a entrada na escola, é muito importante que os pais acompanhem o dia alimentar dos seus filhos, conhecendo, por exemplo, a ementa semanal das escolas para conjugar com a alimentação de casa. Como principais orientadores, os pais devem impor regras, dar o exemplo e ser capazes de dizer “não” e explicar porquê. As crianças entendem!

A orientação familiar é ainda mais importante nos grupos com menores rendimentos, menor formação e de níveis socioprofissionais mais desfavorecidos, onde a obesidade tem maior expressão. Estabelecer horários para as refeições é muito importante. As crianças precisam de firmeza e disciplina com flexibilidade .

De pequenino é que se torce o pepino

A alimentação diversificada, após 6 meses de aleitamento materno, inicia-se com a introdução gradual de alimentos com a orientação de um profissional de saúde. O ritual da alimentação infantil tem que estar em sintonia com a alimentação familiar, até porque se trata de um acto de convívio. A criança rapidamente compreende que existem alimentos com sabores e texturas diferentes e a sua curiosidade deve ser estimulada. Visitas a hortas, pomares e supermercados são boas para os estimular a conhecer os alimentos. Fazer com que as crianças colaborem na cozinha desde pequenas e participem em ateliers e jogos com alimentos na escola pode ser interessante.

É fundamental que percebam que existem alimentos que se devem ingerir diariamente e outros que são reservados para
os dias de festa. E a alimentação não deve ser usada como um castigo ou prémio! Um gelado de recompensa porque se portou bem, normalmente dá mau resultado.

O momento da refeição deve ser tranquilo, de partilha e sem interferências de jogos, novelas ou futebol.

Alimentação Infantil

Uma alimentação infantil equilibrada deve obedecer a regras básicas. Nas crianças muito pequenas, é importante que o aleitamento materno se prolongue até aos 6 meses, pelo menos. A criança deve ingerir sopa de legumes ao almoço e jantar impreterivelmente, comer peixe ou pescado pelo menos uma vez por dia (e de vez em quando peixes gordos, cerca de 2 vezes por semana), 3 peças de fruta, cerca de meio litro de leite ou substitutos e aproximadamente cinco refeições por dia com intervalos de 3 horas e meia. A partir de um ano de idade e até aos dois anos, é importante que faça 4 a 5 refeições por dia que cubram todas as suas necessidades nutritivas. Depois do ano de idade, deve iniciar-se a introdução de verduras cruas sob a forma de salada, tomate, alface, cenoura, entre outros, bem como legumes em purés ou inteiros, por exemplo misturados com arroz, batata ou massa.

A Escola

O combate à Obesidade Infantil através da escola tem sido popular em promoção da saúde. A Escola é, sem dúvida, um ambiente privilegiado da educação para a saúde. Neste micro ambiente, o comportamento da criança desenvolve-se através da interacção com outras crianças, professores e com a sua comunidade que, por sua vez, são influenciados por políticas regionais, nacionais, por sectores públicos e privados da sociedade. A escola é assim um dos elos principais da rede de influências nos hábitos das crianças e por várias razões:

  • A escola tem o potencial de influenciar um largo número de crianças ao mesmo tempo
  • As crianças passam cerca de 6-8 horas por dia na escola (50% do seu tempo acordado) por aproximadamente 10 anos da sua vida
  • Muitas crianças fazem duas ou mais refeições na escola
  • A escola interage com as crianças em períodos de vida fundamentais para a aprendizagem de hábitos saudáveis, através de pessoal qualificado
  • Os efeitos da escola são propagados até às famílias através das crianças
  • A escola é um elo importante para a participação da comunidade
  • É providenciada informação através dos seus programas de intervenção
  • A modelação dos hábitos alimentares pode ser fácil e de baixo custo.

Sabemos também que crianças saudáveis têm melhor rendimento escolar, faltam menos à escola, têm menos problemas comportamentais, atitudes mais positivas, melhor qualidade de vida, maior probabilidade de virem a ser adultos produtivos e saudáveis e pais mais informados. É fácil concluir que o investimento na educação reflecte-se claramente na saúde dos indivíduos.

A escola no Projecto OI

A estratégia de intervenção através da prevenção primária no ambiente escolar assume expressão máxima no Projecto OI da Plataforma contra a Obesidade. A parceria instituída entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação pretende firmar a importância que a escola assume no combate à obesidade infantil, sobretudo na promoção de ambientes saudáveis escolares, com espaço para todos os seus “actores” desde os pais, aos professores, às crianças, aos auxiliares de acção educativa, aos cozinheiros, para que todos possam agir com a mesma linguagem. Este programa visa também aproximar a comunidade em geral à escola, onde as autarquias e os Centros de Saúde assumirão um lugar de destaque. Importa referir que este projecto se alicerça no conhecimento desta doença infantil e, nesse âmbito, tiveram início, já no ano lectivo 2007/2008, 3 estudos com carácter de vigilância nutricional.

 

  • Fazer com que as crianças colaborem na cozinha desde pequenas e participem em ateliers e jogos com alimentos na escola pode ser interessante.
     
  • É fundamental que percebam que existem alimentos que se devem ingerir diariamente e outros que são reservados para os dias de festa.

 

Autor:
ANA RITO
Nutricionista da Fundação Bissaya Barreto
e Consultora da Plataforma contra a Obesidade / DGS
Artigo escrito em 2008
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