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Ajude o seu filho a associar a comida e a atividade física ao prazer e à saúde.

Quem vê pratos, vê corações!

Rituais como o pequeno almoço e o jantar em família, com conversas em que se partilham experiências, podem compensar a separação que ocorre durante o dia. Por isso, aproveite! Desligue a televisão!

  • Promova um ambiente acolhedor durante as refeições. Sem este requisito, dificilmente as crianças, mesmo com conhecimentos sobre alimentação saudável, farão uma escolha adequada dos alimentos. Lembre-se que o primeiro guia do comportamento alimentar para as nossas crianças somos nós! Logo, cuide também da sua alimentação.
  • Seja um agente publicitário em sua casa em prol da comida saudável! Coloque em locais acessíveis alimentos saudáveis e evite comprar alimentos menos saudáveis.
  • As mensagens de saúde que enfatizem o aumento da ingestão diária de frutas, vegetais, cereais completos/integrais e produtos com pouca gordura devem ser privilegiadas na comunicação com as crianças, em detrimento das mensagens de cariz restritivo.
  • Quando desejar comentar o padrão alimentar do seu filho, valorize primeiro as escolhas alimentares adequadas. Só depois ele estará recetivo a um comentário menos positivo sobre as opções menos saudáveis. Assim, antes de uma crítica, deve estar sempre um elogio. Está provado que a capacidade de fazer escolhas saudáveis é possível desde que as crianças se valorizem a si próprias (auto-estima) e acreditem na sua capacidade para conseguir o que pretendem (autoconfiança). Mas, para acreditarem nelas próprias, é necessário sentirem que alguém acredita nelas e valoriza as suas ações.
  • Sabia que ao alimentar o seu filho fisicamente está também a alimentá-lo emocionalmente?! A comida pode, erradamente, ser usada como moeda de troca por afecto: “Come tudo por mim”, como coação: “Se não comeres tudo, não há sobremesa” ou como recompensa: “Se deixares o prato limpo, podes comer um doce”. Este tipo de negócio ofusca a essência das refeições.
  • A comida e a atmosfera que a envolve estão intimamente ligadas. Para que uma criança valorize a comida e a deseje, ela tem de a associar às suas próprias motivações, ao seu apetite e ao prazer. Valorizar a capacidade dela tomar as suas próprias decisões acerca do que vai ou não comer, perante um leque de escolhas saudáveis, é uma maneira garantida de evitar a discussão.
Alterações no padrão alimentar habitual

Durante o desenvolvimento da criança, alterações no padrão alimentar, sem uma causa orgânica identificada, frequentemente traduzem uma mensagem latente. Assim, a esfera alimentar constitui um veículo de comunicação de sentimentos. Será que a criança sente a necessidade de se tornar o centro das atenções ou de fazer divergir a atenção da família de acontecimentos ou interações mais conflituosas? Será uma reação, por exemplo, ao nascimento de um irmão, ao divórcio dos pais, morte de um ente querido? Pare, escute e olhe para o seu filho! Procure perceber o que pode não estar a correr bem na vida do seu filho ou na vossa vida enquanto família… Não permita que a refeição seja um campo de batalha!!!!

Uma alimentação hipercalórica pode, em certos casos, ser uma forma de colmatar determinadas lacunas afectivas. É como se a criança estivesse à procura de satisfações imediatas para o sentimento de vazio, de carência, de saudades de estar/brincar com os pais. Não substitua a sua atenção por doces…

Quando existem distúrbios alimentares, há que ajudar o nosso filho a descobrir o sentido afetivo que a comida tem para ele – quais os estados emocionais em que sente maior dificuldade em controlar o que ingere. O problema é que a curto, médio ou longo prazo surgem consequências que se podem traduzir em distúrbios emocionais causados, nomeadamente, por uma imagem negativa do corpo ou por um sentimento de insegurança.

Quando a comida substitui as trocas afetivas com as pessoas importantes na vida da criança, esta é mais do que uma necessidade orgânica para a criança. A comida passa a constituir a sua fonte principal de satisfação para uma variedade de interesses.

Recorde-se que mesmo que o seu filho não fale ou negue o quanto sofre pelo excesso de peso, ele realmente sofre em silêncio, mesmo que se ria do assunto… As crianças “gordinhas” costumam ser alvo de críticas e apelidos depreciativos por parte dos colegas de escola e até mesmo dos adultos que as rodeiam. Sentindo-se discriminada, a criança obesa assume uma atitude de sobrevivência ou então isola-se. O isolamento conduz à diminuição da auto estima podendo levar ao aparecimento de ansiedade e de depressão infantil. A dificuldade em aceitar o seu próprio corpo pode fazer com que a criança tente escondê-lo, por vergonha, recusando-se por exemplo a fazer ginástica, evitando ir à praia ou à piscina, ou mesmo frequentar a casa de amigos. Estes comportamentos traduzem-se, na prática, como mais um contributo para o aumento de peso. Cria-se um ciclo vicioso: menos atividade, aumento de peso, aumento da ansiedade e insegurança nas relações com os outros, o que pode estimular o desejo de comer ainda mais para compensar o desconforto.

  • Evite comparar o seu filho com excesso de peso com outras crianças sem este problema, ou falar sobre a situação do seu filho a pessoas que não são próximas à criança.
  • Ajude o seu filho a descobrir o que o faz sentir bem, a descobrir prazeres que não se compram em lojas: conversar, jogar, passear, ouvir música.  A comida não pode ser a companhia do seu filho nas horas em que se sente sozinho, triste.
  • Lembra-se do que diziam os nossos avós? O fruto proibido é o mais apetecido! Não proíba, para não aumentar o desejo alimentar do seu filho! O uso de medidas muito restritivas em termos alimentares contribui para promover maior ingestão de comida na ausência de fome. Há que pensar em alternativas, isto é, em outras estratégias para lidar com o comportamento alimentar excessivo dos nossos filhos. Como, por exemplo, ajudá-los a identificarem sinais/sintomas de fome, para que sejam capazes de distinguir entre o ter fome e, por exemplo, estar aborrecido, irritado, triste, e por isso comer como forma de modificar emoções negativas. Desta forma estamos a contribuir para que a criança desenvolva mecanismos de autocontrolo. Mas evite mensagens duplas! Há que evitar nas nossas famílias mensagens ambíguas na comunicação familiar. Por exemplo, os familiares pressionam a criança para comer menos, mas a oferta de doces e guloseimas nos armários está presente.
  • Se a sua criança não quer comer, mantenha alimentos saudáveis em locais acessíveis. Geralmente, a apresentação em simultâneo de um alimento preferido com outro não preferido é eficaz para lidar com uma seleção alimentar muito restrita por parte da criança. Mas você sabe, melhor do que ninguém, que o seu filho é único. Por isso, descubra o que funciona melhor com ele! Permita que o seu filho tenha o prazer de tocar os alimentos e de brincar com eles. Este comportamento é normal e saudável em idade pré-escolar. Esteja tranquilo, o seu filho vai comer com boas maneiras!
Atividade Física

No que concerne a atividade física, converse com o seu filho! Provavelmente uma criança obesa ou com excesso de peso não estará motivada para se inscrever numa modalidade desportiva, expondo o seu corpo aos outros. Será mais fácil e desejável que progressivamente exista um maior grau de atividade física diária, associada a uma alimentação saudável. Só depois será mais fácil lidar com o seu corpo perante os outros. Para as crianças, dever e prazer devem ser aliados no que diz respeito à atividade física!

A fonte de motivação para a atividade física terá de ser algo que proporcione às nossas crianças uma satisfação mais imediata do que permanecer saudável daqui a 30 anos! Assim, a atividade física deve atender às fantasias, jogos e brincadeiras que preenchem o universo infantil. A atividade física para crianças não pode ser punitiva nem necessariamente competitiva, mas sim fonte de diversão e bem estar! Enquanto pai/educador deixe-se levar pelo seu filho, direcionando a sua energia positiva para atividades físicas em família. A vossa saúde é que ganha! Recorde-se sempre que o melhor brinquedo para o seu filho é brincar consigo! Permitir-se com prazer a esta interação, o que não implica passar muito tempo com o seu filho, mas o que passa, passá-lo em qualidade!

Lazer

O equilíbrio dos seus filhos não pode passar só por aulas, deveres, compromissos e correria contra o relógio. Os tempos de lazer são fundamentais para o bem estar! As crianças e jovens precisam de brincar, de andar de bicicleta, de contactar com a natureza. Incuta-lhes também o gosto pelo convívio, dê-lhes a noção de “festa”, de ocasião especial. Inclua alguma das sugestões do seu filho, peça-lhe ajuda. Por que não fazer um piquenique? Experimentem confecionar uma sopa! Incentive-o a decorar o prato com vegetais, legumes. Conhecendo as preferências alimentares do seu filho, poderá introduzir pequenas alterações, de forma a torná-las mais saudáveis. Por exemplo, se o seu filho adora pizza, pode optar por uma pizza vegetariana, satisfazendo assim os dois objetivos: associar a comida ao prazer e à saúde.

Autor:
Fátima Reis
Psicóloga
Colaboradora da Plataforma Contra a Obesidade da DGS
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